A Trindade em nossa vida
A festa
da SS. Trindade, que celebramos neste domingo, é uma oportunidade para refletir sobre nossa vida de
batizados. Fomos batizados “no nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”, conforme a missão confiada por Jesus aos Apóstolos (Mt
28,20). Será que isso significa algo para nossa vida, modificou algo em
nós? Nossa vida de batizados tem algo a ver com as pessoas da
Santíssima Trindade?
No Antigo
Testamento, Moisés explicou ao povo que Deus é próximo da gente,
não inacessível. Fala com seu povo, acompanha-o. Mais: conta com a amizade de seu povo. Não é um Deus
indiferente (1ª leitura). E no Novo Testamento, Paulo aponta a
presença da Santíssima Trindade de Deus em nossa vida: o Pai
coloca em nós o Espírito que nos torna filhos com o Filho (2ª
leitura).
Tudo isso
nos faz entender melhor o evangelho de hoje, que narra a missão de batizar em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Quem recebe o batismo entra numa
relação específica com cada uma das três pessoas da Trindade. Em relação ao
Pai, é filho por adoção (o que, na cultura de Jesus, significava muito: pleno
direito ao amor e à herança do Pai). Em relação ao Filho, é irmão (participando
da mesma vida, do mesmo projeto). E quanto ao Espírito Santo, é dele que recebe
inspiração e impulso para viver a vida divina no mundo.
Convém
termos consciência disso em nossa vida de batizados. Certamente, Deus é um só.
O que o Pai, o Filho e o Espírito Santo significam em nós é uma só e mesma
realidade: a presença da vida divina em nós. Mas essa realidade se realiza em
relações diversificadas. Uma comparação talvez ajude a aprender esse
mistério: na vida conjugal, mulher e homem são ora parceiros no amor, ora
colaboradores no sustento da família ou na educação dos filhos, ora
pessoas autônomas (para irem votar ou atenderem a seus negócios) etc.
Assim
podemos assumir e cultivar as diversas atitudes que nos relacionam com a
Santíssima Trindade em nossa vida. Atitude de filho adotivo do Pai, cuidando de
sua obra, de sua solicitude para com a criação e a humanidade. Atitude de irmão
de Jesus, na sintonia e solidariedade, na ternura para com outros irmãos
– e para com Jesus mesmo! Atitude, finalmente, de quem é impulsionado pelo
Espírito Santo (e não pelo espírito do mundo, do lucro, da exploração, etc).
A
consciência da relação com as três Pessoas divinas torna nossa vida cristã
menos abstrata, conferindo-lhe uma configuração mais versátil, mais concreta.
Mas essa consciência não surge espontaneamente. É preciso cultivá-la na
contemplação das Três Pessoas divinas.
Do livro “Liturgia
Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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