PROVÍNCIA
ECLESIÁSTICA DE PELOTAS
TEXTO BASE DAS
ROMARIAS DAS 3 DIOCESES(Bagé, Pelotas e Rio Grande) EM 2014.
Lema: “COM MARIA,
AFLITOS TE PROCURÁVAMOS!” (cf.
Lc 2,41-52).
INTRODUÇÃO
1. Estamos,
mais uma vez, preparando nossas Romarias,
que são a maior expressão da devoção mariana na zona sul do Estado. A
Arquidiocese de Pelotas e as dioceses de Bagé e Rio Grande, celebram em unidade
o grande amor que o nosso povo tem por Maria Santíssima e desejam fazer de suas
Romarias um precioso tempo de Evangelização. Este presente Texto Base é um
pequeno instrumento de reflexão e de preparação para as nossas Romarias. Estas
são celebradas sempre à luz da Palavra de Deus, da realidade eclesial
existente, da Campanha da Fraternidade 2014, sobre o tráfico humano, do Sínodo dos Bispos, que terá como tema a
família, e do Estudo do Documento 104, sobre Comunidade de Comunidades: uma
nova Paróquia.
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA
2. A Palavra de Deus é uma luz que ilumina o caminho do povo romeiro.
Assim como diversos salmos da Bíblia são dedicados ao caminho do povo romeiro
rumo ao Santuário de Jerusalém, as diferentes passagens da Bíblia nos oferecem
inspiração e fundamento para os nossos romeiros e romeiras que se dirigirão aos
nossos Santuários Marianos para venerar e honrar Nossa Senhora nos seus três
títulos: Conquistadora, Fátima e Guadalupe.
3. Tanto
o Antigo quanto o Novo Testamento nos oferecem diversas passagens onde
transparece o cuidado de Deus para
com o seu povo, cuidado este que se dá de forma concreta nas mais diferentes
situações que as pessoas vivem, especialmente no âmbito da convivência
familiar. Sonhos, projetos, assim como dores e sofrimentos das pessoas e de
suas famílias são assumidos por Deus. A entrada do divino na vida do seu povo e
de cada pessoa em particular faz com que essas realidades se tornem realidades
sagradas. A vida, portanto, é algo sagrado, é Santuário onde Deus habita e
santifica pela ação do seu Espírito Santo.
4. O Antigo Testamento nos apresenta
diferentes realidades onde a presença de Deus santifica situações de dor e de
morte. A viúva de Sarepta, que acolhe generosamente o profeta Elias em sua casa
(cf. 1Rs 17,17-24) é um exemplo de como
Deus se preocupa em oferecer abrigo ao profeta Elias, bem como se encarrega de,
por meio do homem de Deus, devolver a vida ao filho dela. A acolhida generosa
daquela mulher é recompensada com a ação divina na salvação do menino.
5. Outra mãe nos é oferecida pela Palavra de
Deus: a mãe dos sete filhos martirizados, conforme o livro de Macabeus (2Mc
7). A narrativa apresenta uma espécie de “Ata do Martírio” daquela família. A
preocupação da mãe não é pelo bem estar físico dos filhos jovens, mas pela
fidelidade destes à Aliança com Deus. A eles são apresentadas propostas
tentadoras de uma vida sem problemas, com muitas riquezas e vantagens, se eles
abandonassem a sua fé e a Aliança com Deus, aderindo à religião dos
conquistadores. O cuidado de Deus se manifesta na força oferecida aos jovens
para que enfrentassem as torturas e a morte.
6. O Novo Testamento nos apresenta
diversas situações em que Deus se faz presente nas aflições das pessoas. José,
ao tomar conhecimento da gravidez de Maria, fica angustiado por saber que ele
não era o pai da criança presente no ventre de sua noiva. Sua preocupação era
não ser injusto com Maria e nem provocar sua condenação à morte, por adultério.
Diante desse impasse, Deus se apresenta por meio do anjo em sonho e revela a
paternidade divina do menino, assim como sua missão (cf. Mt 1,18-25). Todos os
cuidados de José pela vida de seu filho adotivo são acompanhados pelo cuidados
de Deus, que se manifesta e ajuda com a sua Graça. A vida da família de Nazaré,
em sua pobreza e simplicidade, oferece diferentes ocasiões para que os cuidados
de Deus apareçam: na acolhida na
estrebaria onde Jesus nasce (cf. Lc 2,1-7), na ida para o exílio, no Egito (cf. Mt
2,13-15), na perda e reencontro de Jesus no templo, aos doze anos de idade (cf.
Lc 2,41-52).
7. A vida pública de Jesus é uma constante
procura do Filho de Deus por aqueles a quem é enviado. Na Sinagoga de Nazaré
(cf. Lc 4,18-19), Jesus oferece o seu programa de vida, que é partir em busca
das pessoas que se encontram em situação de risco e de dor: os pobres, os
contritos de coração, os cativos, os cegos. Nas situações-limite, o Senhor se
faz presente, como um Deus que é Pastor, um Deus que é cuidador. Diversas são as situações narradas nos
evangelhos em que o programa de vida de Jesus é colocado por Ele em prática:
situações de aflição, como a da mãe cananeia, que estava em busca da libertação
de sua filha do mal (cf. Mt 15,21-28), ou da mãe do jovem de Naim, que chorava
a morte de seu filho (cf. Lc 7,11-17), ou ainda devolvendo a saúde a leprosos
(cf. Lc 17,11-19) e cegos (cf. Lc 18,35-43). Jesus não deixa que situações de
dor e de falta de vida prevaleçam, diante do seu poder salvador.
8. A prisão, paixão e morte de Jesus é a
doação máxima que Ele faz de si mesmo pela humanidade. Todas as situações de
morte são santificadas por sua morte e todo o universo, na Páscoa, encontra a
Vida nova que Ele oferece. Na Cruz, Jesus oferece Sua Mãe Santíssima, que ali
estava de pé, como Mãe de João e de toda a humanidade. “Eis aí tua Mãe... Eis
aí o teu filho...” (cf. Jo 19,25-27). Ao encontrar-se com os discípulos de
Emaús, Jesus oferece sua companhia e alivia sua dor, aquecendo o seu coração
com suas palavras e com a partilha do pão (cf. Lc 24,13-35).
FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA E PASTORAL
9. Jesus é o Filho de Deus, o Verbo que se
faz carne e que assume a nossa carne, marcada pelas dores e limitações humanas.
Ele se deixa encontrar por todos aqueles que aflitos o procuram, oferecendo
sempre a Salvação e a vida nas situações em que esta se encontra ameaçada. Maria
se torna presença constante nesse processo salvífico e, como Mãe, intercede
junto ao Filho, como nas Bodas de Caná, onde diz a Jesus: “Eles não têm mais
vinho” e aos serviçais: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,1-11). O
papel de Maria na história dos cristãos é de especial importância, uma vez que
contempla as aflições dos irmãos de seu Filho e não os abandona (cf. LG 62),
ajudando-os com sua presença orante e com sua materna intercessão.
10. Maria possui um lugar especial no coração
da Igreja. Seus Santuários espalhados pelo mundo inteiro são essa
manifestação do amor filial que a Igreja reserva para com sua Mãe. Quantas
multidões atormentadas buscam em peregrinação aos mais diversos santuários
marianos do mundo o auxílio materno de Maria! Quantas multidões vão,
igualmente, aos santuários para agradecer a preciosa intercessão de Maria na
solução de suas dores e enfermidades! Se, no Santuário de Jerusalém, Maria
aflita procura o menino Jesus, nos seus santuários ela vê a aflição daqueles
que a procuram. Por isso, as Romarias aos Santuários marianos são a expressão
de amor de um povo aflito para com sua Mãe, que olha e intercede junto a seu
Filho, Jesus. Maria contempla as dores e aflições de seus filhos e filhas
explorados, abusados, vítimas da violência e do tráfico, seja de drogas, seja
de exploração sexual, seja de escravidão no mundo do trabalho.
11. A devoção a Maria também deve fazer com
que a Igreja, sua filha, esteja atenta a todas essas situações de exploração
existente no mundo. Perita em humanidade, deve a Igreja ir às periferias
existenciais para oferecer um amor libertador, que resgate a dignidade de cada
pessoa humana. Deve a Igreja, com profética vocação, denunciar todas as formas
de escravidão moderna e anunciar a beleza da vida humana e da sua dignidade
inalienável. Uma devoção mariana que não coloque a Igreja à frente da luta
contra tudo o que torna a vida humana indigna não é uma devoção conforme o
coração de Deus.
12. Que nosso amor a Maria nos leve ao
encontro das crianças e jovens abusados e prostituídos, marcados pela violência
e dependência química, das mulheres que, tiradas de suas famílias, são jogadas
no fosso da prostituição e da marginalidade, dos homens e mulheres dependentes
químicos, dos migrantes que, longe de sua terra e famílias, são tratados como
peças de uma engrenagem que produz a morte para os fracos e a riqueza injusta
para uns poucos. O cuidado pela vida deve ser consequência do cuidado amoroso
de Deus para conosco e deve ser a nossa resposta de amor a esse Amor de Deus
por nós.
13. As Romarias deste ano devem expressar
toda essa realidade de aflição que tantas vezes bate à porta de nossas igrejas.
Da mesma forma que Maria aflita procurou Jesus no Templo, que possamos,
aflitos, ir ao encontro de todos aqueles que esperam nossa mão estendida. Que
possam nos conduzir a ações concretas de anúncio do Reino e de denúncia de tudo
aquilo que é sinal de morte em nossa sociedade.
14. Também
é decisivo destacar o papel da família,
uma vez que neste ano de 2014 acontecerá em Roma o Sínodo dos Bispos, que terá
essa temática. O papel da Sagrada Família de Nazaré é importante como modelo de
local privilegiado, onde a vida é respeitada e proclamada, através da presença
do Verbo de Deus feito carne. Ele habita no meio de nós (cf. Jo 1,14), em uma
família como a nossa, que sofre as aflições comuns a qualquer família,
santificando, assim, todas as nossas famílias, por ser solidário a todas as
nossas aflições. A Romaria é uma oportunidade única de proclamarmos o valor
sagrado da família e de rezar pelas que mais sofrem.
CONCLUSÃO
15. Esperamos que esta breve reflexão seja um
instrumento eficaz na preparação espiritual e pastoral de nossas Romarias,
a fim de que elas sejam eficazes na ação missionária e evangelizadora em nossas
Igrejas Particulares de Bagé, Pelotas e Rio Grande. Que o “cuidado com a vida”
seja a grande temática de nossas Romarias neste ano e, deste modo o papel de
nossa Igreja seja o de se espelhar em Maria na procura de Cristo em cada irmão
e irmã que precisa. Que a Virgem Conquistadora, de Fátima, de Guadalupe abençoe
esse momento tão importante de devoção e de evangelização.
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ROMARIA DE N. Sra. CONQUISTADORA –
28.O9.2O14
ROMARIA DE N. Sra. DE FÁTIMA – 12.1O.2O14
29ª. ROMARIA DE N. Sra. DE GUADALUPE –
19.1O.2O14